WWF-Brasil participa de discussão sobre energia renovável na Câmara dos Deputados

O seminário foi composto por duas mesas temáticas / Foto: Claudio Oliveira
O seminário foi composto por duas mesas temáticas / Foto: Claudio Oliveira

Cerca de 120 pessoas entre parlamentares, integrantes de organizações sociais e pesquisadores de energia participaram na última quarta-feira do seminário O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21: Oportunidades e Desafios. O evento foi realizado na Câmara dos Deputados pela Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil e pelo Grupo de Trabalho sobre Infraestrutura da Articulação Regional Amazônica (ARA), do qual pertencem diversas organizações da sociedade, entre elas o WWF-Brasil.

Em duas mesas de debate, representantes do legislativo e da sociedade civil debateram formas de expandir o sistema elétrico brasileiro, hoje, predominantemente, hidroelétrico e baseado no consumo de combustíveis fósseis, em prol de opções mais sustentáveis, como a energia solar fotovoltaica e a eólica.

A questão ética da energia foi levantada pelo antropólogo e sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA), Márcio Santilli, que criticou a opção de inundar locais próximos aos rios da Amazônia, onde muitas famílias moram, em prol da obtenção de energia elétrica. “Esse é um modelo corrupto e falido que está trazendo consequências muito negativas ao país”, diz Santilli.

A advogada Kamyla Borges Cunha, do Instituto de Energia de Meio Ambiente (IEMA), chamou atenção para os grandes impactos previstos na construção de grandes hidrelétricas na Amazônia. “A política energética no Brasil é desconectada de uma política de desenvolvimento, de uma política industrial e de desenvolvimento socioambiental”, diz ela, acrescentando que nos Estados Unidos cerca de 170 mil pessoas trabalham na cadeia de produção da energia solar: “esse é um número maior do que o de trabalhadores da indústria de carvão naquele país”, diz.

Coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur trouxe dados para evidenciar a importância do financiamento para uma mudança na matriz energética brasileira. De acordo com ele, nos últimos anos, o Brasil gastou R$ 34 bilhões/ano com usinas térmicas emergenciais. “Segundo estudos de planejamento energético da EPE, instalando painéis solares em apenas 0,03% do território brasileiro, em áreas de insolação média, atenderíamos à toda nossa atual demanda”, afirma, acrescentando que, “se incentivarmos o uso da energia solar com o que usamos com as térmicas emergenciais, em apenas cinco anos, teremos a mesma geração em termos uso da energia solar por geração distribuída. Considerando que os sistemas de energia solar têm durabilidade de 25 anos, a longo prazo a energia solar será muito mais barata que as outras fontes”, completa.

Os benefícios a longo prazo também foram citados por Rodrigo Sauaia, da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar). “As fontes sustentáveis geram mais empregos, de melhor qualidade, melhor remunerados e ainda estimulam a inovação tecnológica. Cada MW gerado produz 30 empregos”, diz Sauaia, que ainda chamou atenção para a queda expressiva dos custos da energia solar nos leilões de compra de energia organizados anualmente pelo Ministério de Minas e Energia.  “Em 2013, cada MWh contratado nos leilões saiu a 110 dólares. Em 2014, caiu para 88 dólares e no leilão de agosto passado, ficou em 85 dólares. No leilão de novembro próximo esses valores deverão cair ainda mais”.

Maiores investimentos em energia renovável e o fortalecimento de uma indústria brasileira para produção de equipamentos foram dois assuntos citados pelos parlamentares, com falas do senador Hélio José (PSD-DF) e do deputado federal Pedro Uczai (PT-SC), respectivamente. Uczai também informou que participa do movimento de resistência à construção de grandes hidrelétricas e atua em aliança com MAB – Movimento de Atingidos por Barragens.

Como próximo passo, Sérgio Guimarães, membro do Instituto Centro de Vida (ICV) e integrante da Articulação Regional Amazônica (ARA) propôs reuniões envolvendo parlamentares, técnicos do governo e pesquisadores de organizações sociais em reuniões posteriores e no seminário técnico sobre energia solar que será realizado em novembro em conjunto com o MME. A ideia foi aceita pelos presentes, que ainda ressaltaram a importância da participação dos secretários estaduais de fazenda, devido ao peso que as questões fiscais têm na viabilidade das fontes renováveis.

De acordo com Joílson Costa, coordenador da Frente por uma Nova Política Energética para o Brasil, a partir das intervenções realizadas nas duas mesas do seminário é possível revisitar os vários projetos de lei em tramitação na Câmara e no Senado, estudar a possibilidade de acrescentar incentivos ainda não contemplados e buscar criar um marco regulatório mais amplo para o setor.

*Com informações da http://energiaparavida.org/

Fonte: WWF Brasil

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