Desafios para novo acordo climático são destaque no CNI Sustentabilidade

Debate foi promovido pela CNI no Rio de Janeiro.
Debate foi promovido pela CNI no Rio de Janeiro.

Engajamento de empresas brasileiras na agenda climática é elogiado por Jean Mendelson, embaixador para a América Latina e Caribe para a preparação da COP-21

Reunidos no Rio de Janeiro, no CNI Sustentabilidade, especialistas brasileiros e internacionais ressaltaram que a possibilidade de acordo para a redução nas emissões de gases de efeito estufa passa por um amplo debate em que as questões centrais serão relacionadas à geopolítica e energia. Durante o evento, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), autoridades e negociadores que estarão na 21ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-21, em Paris, no fim do ano, debateram desafios para a construção de um novo acordo climático global.

Quase 60% dos gestores empresariais veem em práticas sustentáveis oportunidades de negócios, conforme pesquisa divulgada nesta quinta-feira (3) pela CNI. Esse resultado entusiasmou o embaixador para a América Latina e Caribe para a preparação da COP-21, o francês Jean Mendelson, que participou do primeiro painel do encontro, que reuniu cerca de 600 participantes no hotel Sofitel, no Rio de Janeiro. “É muito importante ver esse interesse dos gestores empresariais nessa agenda. Quando lutamos contra as mudanças climáticas e em favor do ambiente, seja por interesses econômicos ou sociais, é muito válido”, destacou.

O subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, José Marcondes de Carvalho, alertou que durante muito tempo a questão climática era encarada como invenção de ambientalistas, mas hoje todos percebem seus efeitos. “Precisamos ter mais clareza sobre os efeitos das mudanças climáticas também porque ela vai tocar na parte mais sensível do corpo humano: o bolso”, disse.

Já o professor Eduardo Viola, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), ressaltou que as experiências com mercado de carbono, com destaque para a União Europeia, não foram exitosas e o mundo vai na direção da taxação do carbono. “Os países devem adotar imposto integrado a um mercado mundial de carbono”, previu.

RISCOS CLIMÁTICOS – No segundo painel, sobre o gerenciamento dos riscos climáticos, o diretor-executivo da entidade Ano Internacional do Entendimento Global, Benno Werlen, afirmou que somente uma mudança cultural será capaz de reduzir significativamente as emissões de CO2 no mundo. “Precisamos saber explicar a ciência para as pessoas. Não devemos esperar até termos um governo global, mas fortalecer os movimentos que vêm da base”, disse. “Todas as pessoas, independentemente do tamanho da renda, têm a oportunidade de fazer escolhas. Por isso, avalio que a ação individual será a melhor forma de enfrentarmos as mudanças climáticas”, acrescentou Werlen.

Para Gladis Ribeiro, diretora da Corporação Financeira Internacional (IFC), há muito mais oportunidades que riscos socioambientais no Brasil, um país continental e com enorme biodiversidade. Ela mencionou pesquisa da CNI, segundo a qual 66% das médias e grandes empresas do país já adotaram em algum momento ações para reduzir emissões de gases de efeito estufa. Para Gladis, o estudo mostra que quanto maior a empresa, maior a consciência ambiental. “Boas práticas são rentáveis e os empresários já entenderam isso”, frisou.

INOVAÇÃO – O especialista da Agência Internacional de Energia (IEA), Carlos Fernández Alvarez, apontou a inovação como chave para a transformação da realidade, que, segundo ele, mostra uma iminente elevação da temperatura da terra caso ações efetivas não sejam adotadas. Alvarez demonstra otimismo quanto a um acordo global para redução de emissões de CO2, na COP-21, em dezembro. “Temos que ser otimistas quanto ao acordo de Paris. Ninguém imaginava nos anos 70 que pudéssemos tirar uma foto e mandar imediatamente para a Europa. A tecnologia nos levará a um futuro melhor, por isso sou otimista mesmo quando os fatos são pessimistas.”

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, considera que a indústria também contribuirá com o processo de redução nas emissões, por meio da inovação. “Vivemos um período de intensa transformação da capacidade de modificar o modo de produção, com novas formas e novos modelos de negócios. E isso tudo vai impulsionar a cadeia da inovação e assegurar a sustentabilidade”, frisou.

Por Diego Abreu e Maria José Rodrigues, do Rio de Janeiro

Fotos: José Paulo Lacerda

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